Ser milionário não significa ter educação financeira

Há várias histórias de gente rica que “perde o controle” e fica pobre. Basta gastar mais do que se ganha que qualquer um fica pobre rapidinho (só quem não entende isso é o governo, mas isso é papo para muito chopp). No caso de gente que nasceu rica ou ficou rica de repente, o tombo é ainda maior, pois geralmente eles continuam gastando “como se não houvesse amanhã”, sem se preocuparem com a conta. No Brasil possivelmente o caso mais famoso seja o do Jorginho Guinle, que herdou US$ 100 milhões dos pais (US$ 2 bilhões em valores atualizados) e torrou tudo.

Semana passada terminei de ler o livro sTORI TELLING da atriz norte-americana Tori Spelling, mais conhecida pelo papel de “Donna” no seriado “Barrados no Baile” (Beverly Hills 90210). Sim, eu sou fã de “Barrados no Baile” e foi por isso que comprei este livro…

Engraçado como eu acabo encontrando informações interessantes nos lugares mais improváveis.

Para começo de conversa, Tori é filha do produtor de TV Aaron Spelling, que criou e produziu seriados como As Panteras, Casal 20, Barco do Amor, Ilha da Fantasia, Starsky & Hutch, S.W.A.T., Barrados no Baile e Melrose, só para citar alguns.

Sua extravagância mais conhecida foi ter comprado a casa do Bing Crosby, demolido a mesma e ter construído uma casa de 123 cômodos (e 5.250 metros quadrados) no lugar, ao custo de US$ 47 milhões.

Quando ele morreu, em 2006, sua fortuna estava avaliada em cerca de US$ 500 milhões.

Ele deixou para a sua filha Tori a enorme quantia de… US$ 800 mil. Ou “pouco mais da metade disso depois dos impostos” segundo a atriz. Ao mesmo tempo, Tori tinha uma dívida de cerca de US$ 200 mil em cartões de crédito.

Quando li isso fiquei parado pensando com a cabeça nas nuvens por um bom tempo, porque “a ficha estava demorando para cair”. Estava tentando entender como eu, filho de classe média brasileira, tinha um patrimônio maior que o da Tori Spelling, atriz de Barrados no Baile e filha de um multi-milionário.

No livro Tori explica em detalhes o porque. Basicamente desde que ela saiu da casa dos pais ela continuava gastando como se estivesse morando com os pais (super milionários). Ela ganhava US$ 100.000 por filme — e ela atuou em pelo menos meia dúzia deles –, fora a grana que ela ganhou no Barrados no Baile e outros seriados em ela atuou e mesmo assim isso não foi suficiente para ela juntar uma grana. Pelo contrário, ela juntou foi uma bela dívida.

Seus pais era superprotetores ao extremo (possivelmente com medo de sequestros) e não deixaram ela ter contato com o mundo “de verdade” em sua infância. Passou trancada em casa, vivendo uma vida de princesa. Como ela mesma explica, noção de valor do dinheiro nunca foi discutido na família, e segundo ela o próprio pai não tinha a menor educação financeira. Eu acredito que possivelmente ele estaria quebrado se não fosse um produtor de alto sucesso que só emplacava seriado atrás de seriado (se o cara juntou US$ 500 milhões sem educação financeira, imagina o quanto ele teria acumulado com edução financeira!).

Tem passagens da vida dela de arrepiar os cabelos. Por exemplo, ela tinha um namorado que falava para ela “ah, me dá um Porsche” e ela ia lá e comprava um Porsche para o malandro, torrando toda a sua grana. É mole? Tudo isso porque ela era “bobinha” e realmente não tinha noção de que havia pessoas no mundo querendo se aproveitar dela, levar vantagem.

Enfim, é sempre interessante se aprofundar um pouco mais na história de vida dos milionários para aprendermos um bocado sobre o que não fazer. No caso da história de vida da Tori Spelling em particular, a lição que tiro é de como não criar um filho: educação financeira deve ser assunto obrigatório na conversa entre pais e filhos.

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